Cabo da Boa Esperança
Domingo de sol na Cidade do Cabo, eu e meus colegas brasileiros da escola de inglês alugamos uma van e saímos em direção ao Cabo da Boa Esperança, o extremo sul da península.
Saímos de Sea Point, bairro à beira-mar, bem cedo. Atravessamos a estrada sinuosa que contorna as escarpas rochosas da encosta da península. A poucos metros da parte urbana da Cidade do Cabo, já se mergulha na exuberância da natureza. O visual é deslumbrante. Belíssimo.
À margem da estrada, capetonianos fazem sua corrida matinal. Pedalam. No céu, parapentes voando no azul reluzente. O estilo de vida da Cidade do Cabo é outdoor.
Cruzamos a península rumo à margem costeira oposta, em False Bay. Atravessamos belos e frescos bosques. O verde é proeminente nos arredores da Cidade do Cabo. Chegamos em Simon’s Town, onde fica a colônia de pinguins na praia Boulders. Interessante parar e observar a dinâmica da vida natural das centenas de pinguins.
Seguimos viagem margeando a costa da península. A paisagem continua cinematográfica. Praias selvagens e belas. Por volta de meio-dia, chegamos à entrada da Reserva Natural do Cabo da Boa Esperança. A Reserva abriga pelo menos 250 espécies de aves. Animais grandes são raros de avistar. Com sorte, é possível ver zebras, antílopes.
Estávamos com sorte! E vimos avestruzes e um solitário Bontebok.
Alguns minutos mais e alcançamos o extremo sul da península. A atração principal do Cabo da Boa Esperança é ver o encontro dos oceanos Índico e Atlântico. As minhas modestas retinas não conseguiram distinguir as possíveis diferentes cores dos dois oceanos. Para mim, era um único, espetacular e infindo mar azul.
O ápice do passeio é contemplar o visual estonteante do alto do farol. De um lado, o Cabo apontando para a vastidão do mar. Do outro, uma cadeia de montanhas. Lembrava a silhueta da Serra dos Órgãos ao fundo da Baía da Guanabara.
As placas do farol me despertaram do sentimento saudosista, lembrando-me que eu não estava no Rio de Janeiro, mas a 6.055 Km distante de casa… Bateu saudades.
Outra placa apontava para Nova Déli, na Índia. Só 9.296 Km!
Para que lado eu vou?!?… Rio de Janeiro? ou Índia?
Um pouco da História: O português Bartolomeu Dias foi o primeiro navegador a contornar o cabo em 1.488, batizando-o de Cabo das Tormentas, em razão dos seus mares tempestuosos e vendavais. O rei D. João II, depois, denominou-o de Cabo da Boa Esperança, porque havia sido descoberto o caminho para a Índia. Uma esperança. (Eu aqui pensando se vou para Índia agora ou não…?…)