Butão

Ninho do Tigre, monastério budista.

Em cada bandeirinha, um mantra está escrito. Os budistas penduraram-nas no topo das montanhas para a brisa suave do vento levar a sua mensagem de benção e  paz a toda a comunidade. As bandeiras são penduradas, também, nas pontes, para que as águas dos rios levem a benção dos mantras a todos os moradores ao longo do seu curso.

Thimphu Tashi Chho Dzong, Palácio do Rei e templo budista.

“Quatro amigos”, símbolo de cooperação.

O pássaro coopera com o coelho, que coopera com o macaco, que coopera com o elefante.  O pássaro passa a fruta para o coelho, que passa para o macaco, que passa para o elefante.

A imagem nos lembra de que os maiores também dependem dos menores. Sentimentos de superioridade e inferioridade não trazem harmonia. Um coopera com o outro. Todos compartilham e ganham.

Os butanenses budistas costumam usar esta imagem em casa para trazer felicidade para a família.

Uma das imagens simbólicas de que eu mais gostei. O espírito da cooperação. Cada um contribuindo e cooperando conforme a sua singularidade.

Comprei para pendurar na minha futura casa e me trazer boa-ventura!

Vajrapani.

Deus tomado pela ira para afastar os maus espíritos. Dorje, o instrumento em sua mão direita, é uma arma usada para subjugar demônios, maus espíritos. Os 5 crânios em sua cabeça representam a transformação dos 5 venenos (ignorância, ódio, raiva, cobiça, orgulho) em sabedoria e compaixão.

Ele é deus do poder e das vitórias.

Cercado por um fogo ardente para enfatizar o seu poder em afastar forças malignas.

Também gostei do simbolismo desta imagem. Um lembrete para nós de um comprometimento constante na busca pela libertação dos cinco venenos que corroem o espírito e impedem a iluminação.

Deus irado que conduz à Compaixão! À Luz! Verdadeiro Poder! Vitória!

Falo, à direita, é pintado nas paredes de casas campestres para proteger de má sorte, mau olhado, fofocas maledicentes, doenças. É o símbolo da fertilidade.
consciência e sabedoria Buda Samantabhadra e Samantabhadri.

Simboliza a unidade da consciência e da sabedoria.

A consciência representada pelo masculino, de corpo azul.

A sabedoria representada pelo feminino, de cor branca.

Chakrasambhara de dois braços e seu consorte feminino.

A imagem não deve ser interpretada como duas divindades diferentes – como marido e esposa, duas pessoas diferentes.

O abraço tântrico divino simboliza a união da grande benção e emptiness (de difícil tradução para o Português, mas seria o estado natural da mente, livre, vazia, pura).

A imagem simboliza UM e de mesma ESSÊNCIA.

A arma vajra que o consorte feminino segura na mão direita representa o corte do EGO.

Animi Dratshang Lhakhang, templo budista. Animi Dratshang Lhakhang, templo budista.
Memorial Chhorten.

Mantras são colocados dentro dos sinos. Quando giramos os sinos, a benção dos mantras nos protege e a todos os seres humanos.
Dochula Pass. Com 108 estupas.
Chhimi Lhakhang, templo budista.

Chhimi Lhakhang é conhecido como casa ou templo da fertilidade. É abençoado pelo Lama Drukpa Kuenley (conhecido como Divine Madman). Divine Madman ganhou este apelido por causa dos seus não-comuns ensinamentos para a iluminação através do sexo, desejos e emoções. Comprei o livro sobre as estórias do Divine Madman.

O templo da fertilidade é um dos mais reverenciados e visitados do Butão. Além dos butanenses, pessoas do mundo inteiro o visitam para buscar as bençãos da fertilidade.

Cada templo budista possui um ou alguns números de sorte. O número máximo deste templo é 11. Joguei os 3 dados que ficam em frente ao altar, fiz o meu desejo e tirei o número 11! Significa que o meu desejo é justo segundo a filosofia do budismo (compaixão, sabedoria, generosidade) e tem todo o potencial para se realizar!

O pedido pode ser sobre tudo: amor, família, trabalho. O fato de não se obter o número da sorte não significa que o pedido não se realizará. Pode significar a realização de algumas ações precedentes para que o pedido aconteça. Quando não se obtêm os números da sorte, os butanenses não desistem de pronto, aconselham-se com lamas e astrólogos.

A árvore Buddhi sob a qual Buddha se iluminou.

Dzong, Ponakha.

Sonam, meu guia.
Roupas tradicionais.

Ninho do Tigre.
103 anos de monarquia. Felicidade é prioridade.

A felicidade como prioridade do governo, sem dúvida, é um dos maiores atrativos que desperta a curiosidade dos turistas, levando centenas ao Butão todos os anos.

A felicidade como filosofia de governo significa que riqueza material não tem valor sem felicidade e realização pessoal. Um país conhecido por considerar o índice da Felicidade Interna Bruta mais importante do que o Produto Interno Bruto.

Conhecer de perto o que é esta felicidade como política de governo, o que isto representa no dia-a-dia das pessoas, e aprender sobre o budismo, foram minhas motivações para visitar o país.

Os quatros pilares do governo para assegurar a felicidade são: 1) desenvolvimento sustentável e equânime, 2) preservação e promoção da cultura tradicional, 3) preservação do meio-ambiente, 4) boa governança.

É por meio de uma controlada política de turismo que o crescimento da felicidade é assegurado. O turista para visitar o país tem de desembolsar em torno de 200 dólares diários, dos quais cerca de 33% são royalties do governo.

Não queremos backpackers. Através da renda do turismo temos hospital gratuito, construimos estradas, levamos eletricidade a vilas rurais. Se o desenvolvimento impactar negativamente o meio-ambiente e a tradição, não o queremos. Hoje, 72% do Butão são florestas. Nossa meta é preservar intacto 60% do meio-ambiente para as futuras gerações. Não queremos mudar do espiritualismo para o materialismo. Para nós, isto é felicidade. Entendemos que seguindo os 4 pilares estaremos assegurando e incrementando-a. Acreditamos que através de uma política de turismo sustentável manteremos a tradição”, comenta Ten, diretor da Authentic Bhutan Tours.

Minha experiência no Butão foram apenas 5 dias. Não tive oportunidades de conversar e interagir com a população local. Não tenho como falar sobre a felicidade, mas sim minhas impressões sobre a hospitalidade. Um povo pacato e receptivo ao turista.

É um país essencialmente rural, 79% da população vive no campo, embora 8% das terras sejam cultivadas. O grande desafio para o Butão hoje é a globalização. Em 1999, a internet e a televisão chegaram ao país e junto milhares de programas e anúncios mostrando um mundo moderno, sedutor, um estímulo aos desejos do mundo capitalista.

Qual é o impacto da TV e internet na cultura? Como as pessoas lidam com o mundo do consumo, dos desejos ilimitados dos anúncios? Na verdade, não há lojas dos produtos dos comerciais aqui, não é?”, perguntei ao Ten.

Sim, não temos estas lojas aqui. Os anúncios da TV são o nosso maior desafio. Mas não poderíamos proibir a TV. Eu, particularmente, resolvo o desejo pelo ensinamento budista da impermanência. Tudo é impermanente no mundo. Impermanência é a palavra que pode pacificar o desejo do consumo. Através da impermanência nós podemos chegar ao contentamento. Eu sou feliz com o que eu tenho. Desejo é um tipo de ilusão. Luxo, desejo é construído pela sua mente. Tudo é mente. Quanto mais você treina sua mente, através da meditação, maior contentamento. Quando as pessoas mudam do espiritualismo para o materialismo, querem mais e mais. Nunca estão satisfeitas. Não queremos mais produtos no Butão. Queremos mais felicidade. Nós não queremos apenas desenvolvimento. Nós queremos o equilíbrio entre felicidade e desenvolvimento, entre tradição e modernidade. Se o desenvolvimento impactar negativamente a felicidade, não o queremos”, disse Ten.

Na revista “Bhutan” sem número, do Departamento de Turismo, uma mensagem para o mundo:

“Felicidade Interna Bruta é uma profunda mensagem para o mundo hoje, um mundo onde se diz que as pessoas perderam suas almas na busca por conforto material”.

Para mim, valeu a visita ao Butão. Mergulhei no universo deste país quase intocado, inscrustado na Cordilheira do Himalaia, de tradição budista e natureza exuberante. Por meio do meu guia Sonam, tive uma boa introdução à filosofia e prática do budismo. No Nepal, meu objetivo era o trekking ao Campo Base do Everest. Além disso, caminhar acima dos 5000 metros tira o fôlego de qualquer um, não tive muita energia, nem tempo, de conversar sobre budismo. Minha primeira experiência com o budismo foi no Butão. Estava planejando uma viagem ao Tibet de 8 dias, mas dois dias antes de partir a China fechou as fronteiras. O motivo: tensões políticas entre o Tibet e a China. Agora, estou a caminho de Dharamsala, refúgio de Dalai Lama no norte da Índia. Para minha sorte, nos próximos dias 28 e 29 de junho, Dalai Lama proferirá seus ensinamentos. O evento é aberto ao público. Irei participar!

Dica: No voo de Kathmandu a Paro, aeroporto do Butão, sente nas janelas da fileira A do avião. Você irá se extasiar com a beleza do Monte Everest e dezenas de outros picos do Himalaia cortando as nuvens. É um espetáculo à parte! E na volta, é claro, sente nas janelas da fileira F. Um espetáculo da natureza como este a gente nunca cansa de apreciar!

Quem leva: www.authenticbhutan.com.bt

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