Chegada em Pune, Índia
Após 30 horas de viagem, finalmente cheguei no Osho Meditation Resort em Pune, Índia. Cerca de 25 horas de voo Rio de Janeiro-Paris-Mombai e 5 horas de estrada Mombai-Pune.
Cheguei na quarta-feira 23 de março de manhã. Estava tão cansada. Não dormi no trajeto. Acordada há 30 horas, desmaiei na cama. Dormi o dia inteiro. Acordei à noite. Pulei da cama com a excitação da primeira vez e fui conferir o lugar.
Para a minha grata surpresa, estava acontecendo uma festa no Plaza Café. Mesas e cadeiras ao ar livre. Pessoas dançando livremente ao sabor da melodia. Gostei da vibração. Um gosto de liberdade no ar.
Em poucos minutos, já estava na pista de dança. Livre, leve e solta. Dançando, flutuando, movimentando meu corpo, fluindo com o ressoar dos acordes na minha alma. Movimentos livres, não-formatados, não-apreensivos com o olhar julgador do outro. Apenas eu e a música ali presentes. Nada mais existia. Completamente absorta no aqui e agora, senti a completude do meu Ser. Uma sensação de felicidade brotou de dentro, das entranhas. Reminicências registradas no meu corpo do prazer imensurável de dançar livremente expressando o meu Ser. Regozijei-me.
Dançar, girar, piruetar, por toda a pista de dança, cabeça para um lado, cabelos para o outro, braços pra cima, pra baixo, ventre e tronco hipnotizados, sincronizados, dissolvidos no tom musical… Pura meditação.
Ego diluído e o Ser vivo.
Completamente Vivo.
Vitalidade pura. Extasiante.
Inebriante.
Gozo.
Foi amor à primeira vista. Esta noite lembrou-me as festas na casa da Martinha em Brasília. Eu, Paulo André, Araci, Loise e outros amigos pulando, rolando no tapete do chão, dançando performaticamente como expressão do Ser. Da alma. Bons tempos. Saudades… Tempos de liberdade, não-julgamento, não-competição, não-máscaras. Apenas adulto-crianças expressando-se de forma livre e despretensiosa, celebrando a Vida.
Osho é celebração da Vida.
É só isto, ou melhor, é isto tudo. O que Osho quer, na verdade, deseja para nós é: descubra o prazer inesgotável de Ser, do Ser, da Existência. Viva. Sinta. Delicie-se simplesmente em Ser. Permita-se. Goze com a totalidade em Ser.
Já havia lido alguns livros do Osho. Seus pensamentos sempre impactantes e dilacerantes para mim. Há 15 anos atrás estive na comunidade “Osho Lua” na Chapada dos Veadeiros em Brasília. Era carnaval. Um amigo convidou-me para um carnaval diferente em contato com a natureza numa fazenda na Chapada dos Veadeiros. Falou-me que era um lugar de meditação, mas que eu não precisava participar das atividades e sim tão somente fazer trekking e desfrutar das cachoeiras. Eu topei.
Chegar no Osho Lua foi uma surpresa. Deixamos os carros na estrada no meio do nada. Uma Toyota veio nos buscar. Longa viagem balançando no 4×4 em direção ao coração da Chapada. Depois pegamos um bote. E por fim uma trilha até chegar na comunidade. Outra surpresa. Uma mulher nos recepcionou falando inglês. Pensei: “Onde estou?!… No Brasil?!… Alguém falando inglês no interior do cerrado!?… Uau…”. Fiquei estupefata.
Osho Lua é um lugar indescritível. Senti-me dentro de um filme. Fazendo parte de uma ficção. Não podia ser real. Um lugar lindo. Plácido. De natureza exuberante e virgem no coração da Chapada dos Veadeiros.
Naquele momento, não participei das meditações. Esbaldei-me nos banhos de cachoeiras, rio, extasiei-me com a natureza viva, deliciei-me com a comida vegetariana. Foi a primeira vez que ouvi falar de Osho. Na época, me perguntei: “Osho?! O que é isto?” (risos).
Quinze anos depois estou aqui no Osho Meditation Resort (antigo Osho Ashram) iniciando-me na meditação. Outra grata descoberta. Suas meditações são um presente para nós homens ocidentais, de vida acelerada, competitiva, repleta de códigos sociais, que machucam e aprisionam o Ser.
Eu não sou uma massa. Eu sou única.
“Não comparação. Não competição. Não sucesso. Não superioridade. Não papéis. Nós somos únicos. O novo homem é auto-realização. O novo homem é espontaneidade” (Pensamentos do Osho).
Na internet: http://www.osho.com