Crianças de Khayelitsha Township

É a segunda vez que visito as townships da Cidade do Cabo, desde que cheguei em março.

Na primeira vez, a recepção das crianças me marcou. Todas pulando no meu pescoço, querendo brincar, me puxando pelas mãos, querendo posar para as minhas lentes, fazendo caras e caretas, radiantes de alegria ao ver as fotos, querendo mais e mais fotos, como um brinquedo. Escrevi um relato neste blog sobre este especial encontro.

Vim para Cidade do Cabo pensando em desenvolver um projeto de fotografia com crianças. Não fiz antes por não ter muita certeza se deveria fazê-lo, por ainda estar aprendendo inglês, por falta de tempo. Ao longo do último mês, amadureci a ideia. E dei os primeiros passos, sondando o terreno. Umuzi Photo Club, projeto desenvolvido em Soweto, em Joanesburgo, interessou-se em apoiar o projeto aqui nos arredores da Cidade do Cabo.

Após duas tentativas frustradas de voltar às townships, ontem, finalmente, consegui. O acesso não é fácil. Ir sozinha de trem ou van não é seguro. Táxi é muito caro. Acabei contratando um tour. Fomos eu e Jenny, uma sul-africana branca, que desde 2003 vem frequentando Khayelitsha. Foi adotada por uma família negra e agora trabalha levando turistas para conhecer o outro lado da cidade.

Fomos ao Centro Cultural de Langa e a uma escola religiosa em Khayelitsa, que se interessaram pelo projeto. Não consegui visitar as escolas públicas, os professores estavam de greve. Gostei da possibilidade de desenvolver o projeto no Centro Cultural de Langa. Quanto à escola religiosa, não gostaria de vincular o projeto a instituições religiosas.

Nos próximos dias, saberei se acontecerá ou não o projeto. Quero que as coisas acontecem naturalmente, espontaneamente. Só tenho mais uma semana aqui na Cidade do Cabo. Estou de viagem marcada com uma amiga para Moçambique. Só voltarei se for para desenvolver o projeto. Senão, depois de Mocambique, me despedirei da África.

Sempre tive um sentimento em relação à África de quando viesse para cá faria trabalho voluntário. Sem dúvida de que o Brasil precisa muito de ações sociais. Mas este sempre foi um sentimento em relação ao continente africano. Estou seguindo minha intuição.

Aqui, na África do Sul, descobri que o trabalho de fotografia seria minha contribuição para a África.

O fim do apartheid social é muito recente, apenas 16 anos. A cidade é ainda muito polarizada entre dois mundos, entre brancos e negros. Penso que ainda há muito a se fazer para promover a união entre esses dois mundos, contribuir para o respeito às diferenças, a diminuição do preconceito – o qual muitas vezes é recíproco. O que é compreensível, se lermos a realidade sob os olhos de Paulo Freire. A dualidade do opressor e oprimido.

Não sou negra. Sou branca, parda… Então, para alguns, esta não seria minha questão?!

Discordo. É uma questão humanitária.

Realmente, ainda não sei se acontecerá. Se não for agora, talvez num outro momento… Como estou numa fase de fluidez, na linguagem dos sinais, surfando… quero que a vida se faça por si mesma.

Um coisa eu sei.

Estas crianças me encantam.

Como ir: http://www.nomvuyos-tours.co.za/

Flores de latão. Transformando sucata em beleza. Uma paradinha no meio do tour.

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